segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

U2: "revista Q revela tudo sobre o álbum" & "Bono diz adeus aos óculos de sol e... olá ao eyeliner!"


//UM: Q - Revelações inéditas sobre o novo disco... e sobre a imagem do Bono

A conceituada revista Q acabada de publicar online um preview do seu próximo número, à venda dia 31. E o destaque para o mês de Janeiro é... U2 e o novo disco! O mais relevante disto tudo é que, só este preview já mandou cá para fora toneladas de informação e de novidades!
Vamos com calma...

Conhecem o Bono? O frontman de uma das mais populares e bem sucedidas bandas da História, conhecido por nunca largar os óculos-de-sol (principalmente de há 20 anos para cá)?
Pois bem, na fotografia da banda que ilustra o mini-site da Q para os U2 (tirada por um fotógrafo da publicação) o Bono trocou o seu indispensável acessório de moda pelo... eyeliner! E ainda aparece noutra foto com esse efeito de maquilhagem. Das duas uma: ou tem andado a trocar ideias com o amigo de longa data Michael Stipe (R.E.M.) ou anda a inspirar-se nos antepassados e actuais punk (e derivados).
Seja de que maneira for, tal como ilustrado, o Bono parece estar numa pose algo possuído e teatral e menos "Bono". Será que... vem aí o regresso dos alter-egos (ou de novos!) do Zoo Tv, como o demoníaco e exuberante Mr. Macphisto?!!!

//DOIS: Q - Descrição do álbum e das canções

Mas o mais importante, é que este preview informa-nos de toneladas de preciosidades sobre o novo disco... até mesmo novos títulos e descrição resumida das canções! A saber...

O álbum é descrito como distanciando-se dos dois últimos, na medida em que All That You Can't Leave Behind (2000) e How To Dismantle An Atomic Bomb (2004) são um regresso às origens e aos U2 tradicionais, e o novo No Line On The Horizon entra no espírito do Achtung Baby, tentando antes palpar novos terrenos e ser mais arrojado - e menos tradicional.
A meio do artigo é mencionado que uma boa parte das canções tem uma atitude bem funky e que essa é uma das assinaturas do disco. O artigo revela ainda, no entanto, que a banda não se descolou por completo da "essência U2" e que, para além de reminiscências subtis, o disco revela sobretudo os "momentos eureka" do passado que nunca foram verdadeiramente explorados. Consta ainda que algumas canções foram bastante trabalhadas e reconstruídas desde os seus primórdios em Fez, Marrocos.
Alguns títulos de novas canções já se conheciam dos rumores, outros são novos, até para os mais fanáticos...

"Get Your Boots On" (provavelmente, o primeiro single - anteriormente e erradamente conhecido por "Sexy Boots" e "Get On Your Boots") é descrita como «heaving electro rocker» que faz pensar que talvez fosse isto que a banda queria para o mal-fadado Pop (1997). A descrição dá conta de ser um electro-grunge descontrolado, com um riff muito rock&roll e um cheiro a hip-hop a meio da canção. Esta informação junta à que já se conhece do clipe de áudio de má qualidade: compasso 6/8, andamento bastante up-tempo (148 BPM - a "Vertigo" tem 140) e oscilação entre guitarras distorcidas e wah-wah's. E parece que as botas não são "sexy", mas sim, as de um soldado. Um dos versos parece ser «I dont wanna talk about war between nations».

"Unknown Caller", uma das preferidas de The Edge, foi gravada ainda em Fez e abre com os cantos de pássaros gravados ao amanhecer durante as sessões em Marrocos. É sobre um homem à beira da loucura, para cujo telemóvel começam a ser-lhe enviadas mensagens bizarras sob forma de instruções «Reboot yourself, Password enter here, You're free to go!». Dallas Schoo diz que esta canção tem um dos melhores solos de sempre de The Edge.

"Moment Of Surrender", que Brian Eno descreve como sendo a melhor canção que já gravou com os U2, é um épico de sete minutos e meio, lento e denso, sobre estrelas obscuras e crises existenciais, e cria uma atmosfera com o mesmo poder que a "One" criou há 17 anos. Apesar da longa duração, "Moment Of Surrender" foi gravada num único take e parte da letra é: «I did not notice the passers by/And they did not notice me».

"Breathe" também é vista como uma das preferidas e crê-se ser um «fuck off live rocker» e um futuro live favourite com muita distorção. Inclui uma alegre secção de cordas, nas quais está presente um violoncelo com um feeling de Médio Oriente ao ser tocado. É uma das canções na qual Will.I.Am esteve presente nas sessões de gravação e parte do refrão já é conhecido dos fãs através dos trexos de má qualidade sonora: «Step out into the street/Sing your heart out».

Da faixa-título ("No Line On The Horizon"), escutaram-se duas versões distintas: a primeira, algo atmosférica, reminiscente da era The Unforgettable Fire, termina numa coda eufórica (pouco usual no catálogo dos U2); a segunda versão, bastante abrasiva, é mais descompassada, tem um ritmo fulgorante - meio punkish - fazendo lembrar The Pixies/Buzzcocks/Bow Wow Wow. A segunda versão (a que mais excita o Bono) foi gravada na última noite das sessões de gravação, mas o pessoal da revista preferiu a primeira versão. Na versão mais "pesadona" o refrão inclui o Bono gritando «No! Line!».

"Stand Up". Bono escreveu-a há pouco mais de dois meses, inspirado no activismo político e descreveu-a como «um pontapé na porta da hipocrisia, em vez da ideia do "vamos todos dar as mãos". A Q acrescentou à descrição o tal espírito funk, proporcionado pelo trabalho da guitarra do The Edge. Parte da letra da canção será «Stand up to rock stars/Napoleon is in high heels/Josephine be careful of small men with big ideas». "Stand Up" parece ser uma das faixas que melhor exibe o lado dos U2 que nunca ouvimos espelhado no disco, e o forte groove da faixa remete para os Led Zeppelin e para os Cream. The Edge afirmou que é uma das canções nas quais mais se evitou o Pro-Tools para eliminar as imprefeições, de modo a mantê-la crua. "Stand Up" é uma canção com um bom groove que começou com um ritmo marroquino, transformando-se em rock'n'roll.

"Every Breaking Wave" é algo lenta, toma forma em torno da voz do Bono e vai progressivamente crescendo de intensidade e na paixão («I dont know if I'm that strong»). Tem diversas pistas de guitarradas elecrónicas sobrepostas como camadas durante as estrofes cantadas pelo Bono e o melhor verso da letra é o epílogo da canção: «Every Sailor knows that the Sea/Is a friend made enemy».

"Winter" é uma balada acústica de 6 minutos, épica e descritiva (dentro de um estilo Simon & Garfunkel, dizem), com uma secção de cordas feitas por Brian Eno e uma secção rítmica falsa (portanto, não é a bateria do Larry) e os jornalistas da Q gostaram da letra escrita pelo Bono sobre um soldado na neve, na guerra do Afeganistão. Esta canção fará parte da banda sonora do filme Brothers de Jim Sheridan, protagonizado por Tobey Maguire.

Uma das reminiscências ao passado U2-istas do novo disco é "Magnificent", bastante atmosférica e que relembra os ecos dinâmicos da faixa de abertura do The Unforgettable Fire "A Sort Of Homecoming". Um dos versos da letra de "Magnificent" é «Only love can rest your mind». Consta ser um dos momentos altos de The Edge no disco.

"Crazy Tonight" é descrita como uma canção pop up-tempo inspirada nos anos 60 - muito ao estilo do que fez Phil Spector - e é outra das faixas nas quais Will.I.Am (dos Black Eyed Peas) esteve presente nas sessões - agora se será creditado na produção ou se fará algum remix com base na música, isso é outra história. «I'll go crazy I don't go crazy tonight» é um dos versos da canção e Bono gozou, comparado-os ao slogan de uma t-shirt de uma digressão.

Finalmente, "The Cedars Of Lebanon" dá a sensação de ter sido escrita por um correspondente de guerra e sobre vidas cruzadas num cenário bélico. Sabe-se que a secção de percussão foi inspirada em Jimmy Hendrix. A letra faz referências a 16 de Julho e aos à espécie de árvores "Cedro do Líbano" (ambas as referências com simbologias relacionadas) e termina com o verso «Choose your enemies carefully cos they will define you».

Bono fez referência a uma canção chamada "Tripoli" na entrevista, provavelmente a banda-sonora para o vídeo que Anton Corbijn gravou com um motard viajando de Paris até Cádiz, terminando no Norte de África com cenários de incêndios.
Fora da descrição do disco e do artigo da Q parecem ter ficado títulos conhecidos dos rumores e entrevistas antigas, como "One Bird", "(Coming To The Surface) For Your Love" e a sobra do último disco "Mercy" - o que não significa que não sejam incluídas no álbum e que também não tenham sido escutadas pelos jornalistas.

Relativamente às letras, o Bono parece ter deixado o "ter que ser aceitável" de lado e ter passado a escrever sobre o que ele quer. Consta que as temáticas políticas estão de volta em força e que isso projecta-se na inspiração para o disco. Consta ainda que é um disco menos pessoal do que os dois últimos e que o Bono parece usar mais a terceira pessoa e a observação/descrição nas letras, do que os relatos na primeira pessoa dos últimos anos.
No fim de contas, um dos consensos é o facto do álbum parecer ser um dos mais ecléticos do catálogo da banda, mas simultaneamente, um dos mais coesos e que melhor cumpre o conceito de álbum - em vez de uma mera colecção de canções.

Larry corroborou o rumor de haver o desejo de lançar rapidamente outro álbum baseado na enorme quantidade de material escrito para estas sessões.

//TRÊS: Amazon desvenda: 5 formatos distintos

O popular site Amazon deixou revelar que o novo disco dos U2, No Line On The Horizon será comercializado em 5 formatos distintos... e alguns deles nada baratos!

Formatos convencionais:
Audio CD - $9.99
Vinil (2 LP's) - $17.99

Edições limitadas:
Versão digi pack (CD/Poster/Film Download) - $35.98
Versão Magazine (CD/Magazine/Film Download) - $49.98
Box set (CD/Poster/Book/DVD) - $95.98


//QUATRO: Corbijn e um filme?

Um novo rumor relativo ao novo disco é de que o filme (mencionado nas edições limitadas pela Amazon) foi dirigido por Anton Corbijn (já conhecido da banda desde os anos 80) e que terá por base as canções de No Line On The Horizon. Especula-se de que neste filme poderão ser incluídas canções que ficaram de fora do disco.


//CINCO: Rumores da rádio - 15 canções?

Uma rádio nova-iorquina noticiou há poucas horas que o novo disco dos U2, a ser lançado no dia 2 de Março terá cerca de 15 canções. Se isto se confirmar, significa duas coisas: em primeiro lugar que (excluíndo o Rattle And Hum - 17 canções - que é mais uma banda-sonora do que um álbum de originais, e o side-project dos Passengers) é a primeira vez que um álbum de originais dos U2 sai fora do eixo das 10-12 canções; e por outro lado que será um único disco, e não, um álbum duplo como se chegou a plenear.

De uma digressão mundial é que não há notícias nem rumores recentes. Ou será anunciada brevemente, ou a banda deixará os concertos para 2010.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

U2 OFICIAL: Data e Título


O site oficial dos U2 anunciou ontem que o novo álbum da banda tem título e data de lançamento definida. No Line On The Horizon (sempre se confirma o nome... que também é o título de uma das canções) é o 12º registo de estúdio dos irlandeses e será lançado mundialmente no dia 2 de Março (3 de Março nos EUA e uns dias antes na Austrália e Japão).
Segundo o mesmo artigo, tal como já se sabia, o disco foi produzido por Daniel Lanois e Brian Eno, e contou com Steve Lillywhilte na produção adicional [e então... onde é que está o Will.I.Am, BLITZ?].

Curiosidades
O Pop - que não teve carreira comercial muito bem sucedida - foi lançado a 3 de Março de 1997 e também estava previsto para a quadra natalícia do ano anterior.
A próxima cerimónia de entrega dos prémios Grammy realiza-se no próximo dia 8 de Fevereiro. Os U2 são um dos maiores detentores no número de Grammies (23) e não irão perder, decerto, esta oportunidade para uma actuação do novo single e de apelar ao tão importante público norte-americano.

Mas afinal qual é o primeiro single?
Não se sabe. Tendo em conta os rumores de que a banda esteve em Londres a gravar um videoclipe (já é o terceiro vídeo de cuja rodagem se tem notícia e ainda faltam 3 meses para o lançamento do álbum!) que envolve raparigas a desfilar com botas, o que pressupõe que o single de estreia de No Line On The Horizon seja "Get On Your Boots".
Segundo as gravações de má qualidade do último Verão, "Get On Your Boots" é uma faixa rock bastante rápida (148 BPM) com um compasso de 6/8 e que oscila entre uma linha de baixo vibrante, guitarras distorcidas e guitarras com efeito wah wah. Esperemos para ver...

NOTA
A imagem que ilustra o artigo é, obviamente, recente e acompanhava também o artigo do site oficial. Foi, provavelmente, tirada por Anton Corbijn.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

U2 álbum 2009: UPDATE


Esta semana têm sido discutidos em Londres, os pormenores do lançamento do novo disco dos U2, com os executivos da Universal Music. Têm sido abordados os pormenores relativos ao primeiro single - e restantes, às datas de lançamento e à digressão.

Há sobretudo duas grandes dúvidas: qual o primeiro single e em que formato será lançado?

A banda e os executivos parecem indecisos e divergentes em relação à canção que fará as hostes de abertura ao álbum. Uns preferem uma canção com uma sonoridade mais tradicional, outros preferem uma das canções mais arriscadas e fora da "zona segura". Consta que, inclusive, que já estão prontos dois videoclipes para duas canções diferentes.
Há ainda a hipótese de (apesar do álbum só estar previsto para Fevereiro) o primeiro single ser apresentado ainda este mês (e ainda dentro de 2008).

O formato do disco é a outra divergência:
1) álbum duplo;
2) um só disco e as restantes canções como b-sides;
3) um só disco e o resto disponibilizado na internet.

Eu espero que a banda opte pela opção 1) e que siga o rumor dos dois discos ("Sea" & "Sky") diferentes um do outro.

UPDATE
Os U2 estão em Londres a gravar um novo videoclipe (já é o terceiro e o álbum ainda nem tem data). A banda num cenário verde e a rodagem inclui muitas meninas calçando... botas. Ou muito me engano, ou será o videoclipe para "Get On Your Boots". Refira-se que a direcção deste videoclipe está a cargo de Alex Courtes que dirigiu os vídeos para "City Of Blinding Lights" e "Vertigo" (que ganhou o Grammy de melhor teledisco) do último álbum da banda, How To Dismantle An Atomic Bomb.

Indústria Automóvel + Crise = o descalabro / Vêm aí dias difíceis


Ontem foi chumbada a proposta de 35 mil milhões de dólares para auxiliar os três grandes americanos - General Motors, Chrysler e Ford. O senado recuou na aprovação da proposta por causa da pressão dos sindicatos em recusar ligeiro decréscimo salários e manter as regalias e luxos que as empresas americanas são obrigadas a oferecer aos trabalhadores e ex-trabalhadores. Se o Estado norte-americano tivesse aprovado este plano, passaria a deter a maior parte das acções destes construtores o que significava que estavam... nacionalizados.
Custa-me a acreditar, por isso, que senado e sindicatos prefiram o cenário que aí vem do que a salvação da indústria que garantir-lhes-ia o futuro.

Apesar da situação do grupo Ford não ser famosa, a casa-mãe disse não ter (por enquanto) problemas de liquidez - muito graças à performance da Ford Europa. Já a GM e a Chrysler afirmam não terem liquidez suficiente para se aguentarem nos próximos meses. A Chrysler diz mesmo que não sabe se aguenta até ao final do primeiro trimestre de 2009.

O que é que isto significa?
Se a Chrysler e (principalmente) a GM falirem... será o caos. Harry Reid, chefe da maioria democrata, prevê o desemprego para milhões (não milhares, atenção!) de pessoas nos Estados Unidos.
Volto a chamar à atenção para o caso de a General Motors (ou/e a Ford) falirem... será o início de uma gravíssima depressão económica à escala mundial.

Enquanto isso, correm rumores e mais rumores pelos corredores da imprensa.

A GM quer desfazer-se da Saab e a Ford da Volvo. Ambas suecas, o governo sueco já afirmou disponibilizar 28 mil milhões de coroas suecas (2,64 mil milhões de euros) numa espécie de linha de crédito para a Saab e para a Volvo e nacionalizá-las por período indeterminado enquanto novos investidores não surgirem. Cá por mim, preferia ver a Saab e a Volvo juntas numa aliança como a PSA (Peugeo-Citroën) ou a franco-nipónica de Carlos Ghosn (Renault-Nissan).

Aqui pelo sul da Europa, o CEO da Fiat, Sergio Marchionne, disse que é urgente a fusão ou aliança do Grupo Fiat (Alfa Romeo, Fiat, Lancia, Maserati, Iveco, Ferrari) a outro grande construtor, no prazo de dois anos, para poder sobreviver. Recorde-se que a Fiat esteve à beira da falência entre 2002 e 2005 e que, depois de uma parceria desastrosa com a GM, os lucros espantosos dos últimos três anos ainda não garantiram um futuro risonho aos italianos. Segundo a previsão de Marchionne, apenas 6 grandes construtores irão sobreviver ao actual panorama.

Todos os quase todos os construtores de automóveis mundiais estão no vermelho e as vendas caem a pique... até na China! A Toyota que vinha crescendo fulgorosamente e ameaçando a GM no primeiro lugar, apresentará prejuízos, pela primeira vez em muitos anos, em 2008.

O final da telenovela não de afigura muito feliz, mas vamos aguardar pelos próximos episódios e esperar que nós também não sejamos afectados. Por cá, José Sócrates continua a fazer acreditar que está tudo bem...

A idade da Banana


Às vezes dá-me a sensação que a alcunha de "República das Bananas" dadas ao "Jardim à beira-mar plantado" vem de... Esperem lá... "Bananas"? "Jardim"? Bah... Já percebi tudo! E acho que vocês também.

A verdade é que o nojo de homem que é Alberto João Jardim voltou ao teatro e a querer ter o papel principal. Desta vez, quis levar mais a sério a sua personagem mais frequente de ditador autoritário e chupista ao dizer que nós somos «o inimigo do povo da Madeira» e a proferir ameaças ao "Governo de Lisboa" ao dizer que se a Madeira for prejudicada «a República irá sofrer as consequências». O que é que vais fazer? Um Golpe de Estado e passas a ser o substituto de Oliveira Salazar?

"Inimigos do povo da Madeira"? Ameaças ao poder supremo? Onde é que já ouvi isto? Dá-me a sensação de ter ouvido ideias semelhantes há 75 anos atrás no centro da Europa.
O que João Jardim não tem em comum com os ditadores Europeus de meados do séc. XX é que estes últimos, para além de não serem brejeiros, tinham uma postura física bastante mais atraente e apelativa para as massas.

Das duas uma: ou requeres a independência da Madeira e aí podes continuar a tua ditadura (estilo país do centro de África - a única diferença é que na Madeira entra muito mais dinheiro... vindo de Portugal Continental, claro), ou deixa-te de teatros, porque esse está em exibição há demasiado tempo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Daddy's Gonna Pay For Your Crashed Car


É tão bonito, chega a ser comovente!...
Não estou naturalmente a falar da nossa mãe (a pátria - deve...), mas sim, do nosso papá - o Estado.
Porque é isso que o Estado é para nós, hoje. Paternalista. Bem ao estilo da Roma Antiga em que o pater familias era o supremo estatuto social e familiar. É um papá que está sempre lá para aparar os golpes. Estes últimos têm sido bem problemáticos, ultimamente. Mas o papá está lá até ao fim para cobrir e resolver os problemas dos filhotes. Que o digam o BPP, o BPN, as minas de Aljustrel e a indústria automóvel!... Hein, um papá como estes também eu queria!

Mas depois vem o reverso da medalha. É que o papá é extremamente manipulador e é através destas acções de caridade que consegue controlar tudo e todos. Como este papá não é um humano físico, a terapia não pode resolver o problema dele. Talvez um papá novo... que acham?

You're a precious stone
You're out on your own
You know everyone in the world
But you feel alone
Daddy won't let you weep
Daddy won't let you ache
Daddy give you as much as you can take

A little uptight
You're a baby's fist
Butterfly kisses up and down your wrist
When you see daddy coming
You're licking your lip
Nails bitten down to the quick

You've got a head full of traffic
You're a siren's song
You cry for mama
And daddy's right along
He gives you the keys to a flamin' car
Daddy's with you wherever you are
Daddy's a comfort
He's your best friend
Daddy hold your hand... to the end

A-ha sha-la, a-ha sha-la, a-ha sha-la
DADDY'S GONNA PAY FOR YOUR CRASHED CAR
Sunday, Monday, Tuesday, Wednesday, Thursday, Friday, Saturday's alright...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

U2: Últimas... 9 artigos que a Blitz podia ter publicado, mas não fez






Tal como já tenho indignamente expressado no site da publicação temática BLITZ, entistece-me um pouco que sejam descartadas informações relevantes sobre o que a banda vem desenvolvendo - e não só - em prol da persistência em publicar online artigos que construam a imagem da banda em torno da controvérsia do mediático activismo político do vocalista, Bono, numa espécie de "Bono: o bonzinho que é vilão". Não é difícil de chegar-se à conclusão que muitas das notícias etiquetadas com "Bono" ou "U2" das últimas semanas remetem apenas para esta ideia, quando a banda está prestes a lançar um novo trabalho e as informações publicadas a este respeito nem sempre foram devidamente "tratadas".
Assim sendo, aqui vão - enumeradas, informações úteis sobre os burburinhos que têm cercado dos U2 nos últimos dias...

1) Aos 60 anos, vítima de cancro, morreu Rob Partridge, o executivo que descobriu os U2 e que lhes ofereceu o primeiro contrato, há quase 30 anos.

2) A masterização do novo disco dos U2 terminou na semana passada, em Londres (em vez de Dublin, nos Hanover Quay), num estúdio não revelado.

3) Para além da notícia de que vai ser totalmente redesenhado e de que terá brevemente um novo layout no início de 2009 (o que significa que o álbum está próximo), o site oficial da banda publicou recentemente dois vídeos:
3.1 Um, com cerca de 20 segundos, mostra o Bono num fundo azul claro pronto a ser filmado - provavelmente para um novo videoclipe.
3.2 O segundo, com cerca de 2 minutos, chama-se "Sea and Sky" e consiste apenas numa filmagem de uma paisagem à beira-mar onde o céu não se distingue do mar, sugerindo a ideia do título "No Line On The Horizon".
3.3 Este último vídeo criou o rumor na base de fãs de que o próximo álbum dos U2 é um álbum duplo, por várias razões. "Sea" e "Sky" seriam o nome de cada um dos discos. Daniel Lanois (e agora The Edge - ler ponto 4.7), a seguir) mencionou duas vezes a mistura de "duas metades" do álbum.

4) A MOJO publicou esta semana um exclusivo com The Edge em que este põe à disposição inúmeras informações importantes:
4.1 "No Line On The Horizon" é o título de uma das canções e é o título provisório do álbum (pode não ser o título final escolhido). The Edge refere que é uma frase do Bono que sugere a ideia do infinito, numa imagem em que quando nos afastamos de algo, perdemos a percepção e a noção de algumas formas, tal como a linha do horizonte que separa o céu e o mar.
4.2 Todas as canções das sessões com o produtor Rick Rubin (Verão de 2006, de onde saíram os dois inéditos do 18 Singles) foram descartadas do novo álbum, que vai servir-se apenas do que foi composto apartir das sessões em Marrocos com Eno e Lanois.
4.3 Referiu-se a Rubin como um homem muito inteligente e apaixonado pela música, mas a metodologia de trabalho dele é o oposto da dos U2: Rubin quer o trabalho praticamente terminado e as ideias em ordem antes de irem para estúdio gravar; os U2 desenvolvem todo o trabalho em estúdio e as ideias surgem até à última hora (os U2 são conhecidos por gravarem ideias novas mesmo em cima da masterização ou da mixagem, como em "The Fly", "Fast Cars" ou "Last Night On Earth").
4.4 Referiu-se a Eno e Lanois como os dois homens que empurram os U2 para fora da zona de conforto e que obrigam-nos a explorar território desconhecido.
4.5 Uma das diferenças deste álbum para os dois últimos são as letras: os dois últimos foram pessoais e "na primeira pessoa". No novo disco, continua a haver uma perspectiva pessoal por parte do Bono, mas este surge mais numa "terceira pessoa" e tem mais liberdade temática.
4.6 Voltou a falar de "Moment Of Surrender" como uma canção densa com cerca de 7 minutos e meio (corresponde ao que Lanois já havia descrito) e mencionou um novo título: "Unknown Caller", uma das faixas onde as influências de Fez estará mais presente.
4.7 The Edge também referiu o carácter "bipolar" do disco: metade do disco é mais tradicional, mesmo não sendo parecido com o mais tradicional dos U2, e outra metade é mais experimental e aventureira. Metade do disco são canções cuja composição ficou praticamente intacta face ao que havia surgido em Marrocos, a outra metade são canções que foram mais trabalhadas e que sofreram várias mutações até à forma final.
4.8 As lições de piano do Bono vão servir para projectos à parte como o musical com base no Homem-Aranha. [de referir que o título "Boy Falling From The Sky" (que é provavelmente o «beach clip #402» a.k.a. "All My Life") provavelmente terá sido desviado para este projecto]

Títulos de canções confirmados ou que parecem definitivos das sessões de gravação:
1. "One Bird"
2. "Coming To The Surface For Your Love" (anteriormente ou também conhecido como "For Your Love")
3. "No Line On The Horizon"
4. "Moment Of Surrender"
5. "The Cedars Of Lebanon" (provavelmente é o clipe #4 dos que foram gravados por um fã)
6. "Get On Your Boots" (anteriormente - e incorrectamente - conhecido e noticiado como "Sexy Boots"; corresponde ao clipe #3)
7. "Breathe" (é o clipe #2, anteriormente conhecido por "Walk Out Into The Streets" e já surgiu num dos vídeos estranhos do u2.com)
8. "Stand Up" (título de canção que o Bono escreveu mais recentemente, conforme noticiado neste blogue)
9. "Unknown Caller" (título referido pelo The Edge para a MOJO)

"Mercy" e "North Star" (tributo a Johnny Cash) - sobras do How To Dismantle An Atomic Bomb podem ter ficado de fora, bem como títulos como "If I Could Live My Life Again", "You Can't Give Your Heart Away" ou "Love Is All We Have Left".

5) O álbum está planeado para ser lançado em Fevereiro ou no início de Março e o primeiro single deverá ser lançado nas próximas semanas. O site HMV avança com a data de 23 de Fevereiro.

6) Depois do The Joshua Tree, depois da "tríptica" Boy, October, War, e depois do Under a Blood Red Sky (EP + o DVD), em Julho será a vez do The Unforgettable Fire (que fará então 25 anos) e em Outubro será a vez do Achtung Baby serem remasterizados e acompanhados de material bónus. Consta também que o Rattle And Hum seguir-se-à num processo idêntico ao Under a Blood Red Sky (com o DVD do filme a acompanhar o álbum).

7) Volto a recordar que Said Taghmaoui, segundo rumores, será o protagonista de todos os videoclipes do próximo disco da banda. Teremos vídeos em forma de sequela?

8) Ontem, Dia Mundial da Luta Contra a Sida, foi lançada um novo serviço da campanha organizacional (RED), da qual o Bono é o porta-voz (não o mentor/líder como é sugerido). O (RED)WIRE (ao contrário do que a BLITZ sugere como sendo uma revista online) é um software informático, numa espécie de plataforma de ficheiros, na qual, ao pagarmos €5 mensais (que revertem para a (RED) na pesquisa e no fornecimento de informação e de medicamentos no combate à SIDA em África) podemos ter acesso a artigos sobre a temática e - o mais importante - a vídeos e canções inéditas de bandas e artistas associados. Os The Killers e os Coldplay arrancaram com o projecto e, ontem, foi a vez dos U2 lançarem um videoclipe com base num cover da canção "I Believe In Father Christmas", gravada apenas há dias.
A curiosidade reside no facto de, apesar do título, "I Believe In Father Christmas" não é uma canção de Natal, mas sim, uma canção de protesto contra os valores do consumismo desenfreado nesta época.

9) Também ontem, "vazaram na internet" (como dizem os brasileiros) um conjunto de imagens (as "still captures" que ilustram este artigo) possivelmente do primeiro videoclipe promocional ao novo disco da banda. O que significa que o primeiro single estará mesmo aí a estoirar. O vídeo que foi referido no ponto 3.1 corresponde, provavelmente, à rodagem do vídeo destas imagens.

Aqui estão, portanto... 9 notícias (num só artigo) sobre os U2 que podiam perfeitamente ter sido publicadas nos últimos dias. Em vez disso, tivemos mais do mesmo, como já vem sendo hábito. As imagens públicas... constroem-se!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dia Mundial da Luta contra o Monstro



Comemora-se hoje, uma vez mais, o Dia Mundial da Luta contra a SIDA. Passaram-se quase três décadas desde a identificação do vírus e da classificação e reconhecimento por parte da OMS do Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

Enquanto isso, principalmente em países de África e da Ásia, onde um comprimido custa para essas pessoas centenas ou milhares de vezes mais aquilo que custa para nós, a epidemia começada por esta doença não pára de fazer vítimas. A SIDA irá continuar a sua cruzada pessoal. É um monstro que se tem que combater.
Fomos nós que o criámos. Porque o monstro não é, no fundo, a forma como a doença afecta as pessoas clinicamente.

Nós somos o monstro e somos nós que o alimentamos. E há vários feeders para o monstro.
É a interesseira, corrupta e demoníaca indústria farmaceutica mundial que só tem a ganhar se conseguir fazer render o máximo possível com medicamentos e com soluções químicas que valorizam por serem extremamente necessárias e urgentes. Por isso, também só beneficia se atrasar o máximo possível a circulação e acesso a essas mesmas substâncias e a esses medicamentos.
São os corruptos chefes-de-Estado destes países pobres que beneficiam da falta de informação para conseguir alimentar as suas fortunas, a sua sede de poder e a vontade de continuar a estar no topo da pirâmide política do seu país por muitas décadas a roubar riqueza, como se de chefes de tribos primitivas ainda se tratassem.
Somos nós, que vivemos em países - supostamente - desenvolvidos, e que insistimos em ajudar a manter o mosntro vivo.
Somos nós, que temos fácil acesso à informação útil sobre esta doença na nossa mão há vinte anos e que insistimos em adoptar práticas de risco.
Somos nós, os nossos superiores hierárquicos e aqueles que nos rodeiam que insistimos em afirmar que existem grupos de risco em vez de termos tomates para admitir que apenas existem práticas de risco. Somos nós que persistimos em perseguir determinados grupos sociais e de discriminá-los em busca de um culpado, quando a culpa é apenas nossa.
São os nossos patrões, os nossos vizinhos e até a nossa família que nos despedem, que deixam de nos dizer "bom dia" e que deixam de nos contactar porque o monstro que alimentamos nos atacou a nós.

Será que, desta vez, vamos utilizar o argumento "crise económica Mundial" para parar a luta?
Durante quanto tempo mais vamos querer manter o monstro respirar?
Durante quanto tempo mais vamos querer continuar a produzir anti-virais de custo reduzido ou amortizado e vamos continuar a recusar enviá-los para África - onde se está mais vulnerável aos ataques do monstro - e distribuí-los por quem precisa desesperadamente por egoismo puro?
Durante quanto tempo mais vamos manter o estigma do "preservativo que tira a sensibilidade, o prazer e que interfere com a defesa da masculinidade"?
Durante quanto tempo mais vamos continuar a demitir dos seus postos de trabalho pessoas capazes e a excluír das nossas vidas aqueles a quem o monstro já atacou?
Durante quanto tempo mais vamos fingir que o monstro é o papão e que irá embora quando adormecermos?

A fotografia que ilustra este artigo é da autoria de David Wojnarowicz, pintor, fotógrafo, escritor, e director de filmes e de espectáculos de artes performativas. Wojnarowicz era homossexual, vivia em Nova Iorque e faleceu em 1992, depois de infectado com o vírus da SIDA.
Esta imagem é a capa do single da canção "One" dos irlandeses U2 e deu origem a um doa três videoclipes para este tema. Uma das três interpretações desta canção remete para uma conversa entre pai e filho, em que o segundo, vítima do vírus, reconhece que «we're one, but we're not the same / we get to carry each other». Quando a "One" foi lançada como single, os lucros obtidos reverteram para instituições de pesquisa científica e para organizações no apoio na luta contra a SIDA.

sábado, 29 de novembro de 2008

O Governo e as trafulhices com os automóveis - Parte 2: «Chips nas matrículas dos veículos»

Para o Governo, os automóveis são a maior fonte de receitas para o Estado. Mas José Sócrates descobriu outras utilidades nos automóveis (para além do show off com a Renault-Nissan e os carros eléctricos): vigiar e ter sob controlo uma população, como num regime autoritário e dictatorial.

Parece que vai mesmo para a frente, através do Ministério das Obras Públicas, a decisão de colocar chips nas matrículas de todos os veículos automóveis registados em Portugal. Fantástico, vamos brincar ao Big Brother! A diferença é que, em vez de ser a Teresa Guilherme ou a Júlia Pinheiro a apresentar a palhaçada, temos José Sócrates como anfitrião (o Cavaco faz o papel do burro Pavarotti - não fala e não mexe... ou só quando lhe convém).

Segundo a proposta de lei (aprovada a 18 de Julho pelos socialistas com toda a oposição a tecer fortes críticas sobre a violação de privacidade), o argumento para esta medida é "facilitar o trabalho das forças de segurança, que terão acesso à informação sobre a inspecção periódica e o seguro automóvel", bem como implementar o sistema de "portagens informatizadas", idênticas ao sistema disponibilizado pela Brisa.

Ainda há dúvidas de que o Enginheiro Sócas (cm a preciosa ajuda dos seus paus-mandados) é um ditadorzeco manipulador disfarçado de democrata que vive de acções mediáticas de publicidade, como se de uma digressão da Madonna se tratasse?

Manuela Ferreira Leite ou José Socrates? Fodasse! Venha o Diabo e escolha!...

O Governo e as trafulhices com os automóveis - Parte 1: «ACP processa Portugal por dupla tributação ilegal»

Vou apenas transcrever o texto publicado no Autoportal.iol.pt:

"O procedimento de infracção instaurado pela Comissão Europeia em 2007 contra Portugal por dupla tributação na aquisição de automóveis novos, apesar de um compasso de espera, prosseguirá os seus termos, apurou o Automóvel Club de Portugal (ACP).

Segundo o Automóvel Club de Portugal, o facto de o Governo português ter acabado com o Imposto Automóvel (IA) em Julho de 2007 e ter criado o Imposto Sobre veículos (ISV) fez com que o processo abrandasse nos corredores de Bruxelas.

No entanto e segundo a mesma fonte a Comissão Europeia já terá retomado o procedimento contra Portugal e, provando-se que a questão de dupla tributação persiste, a Comissão manterá a intenção de reenviar este caso para o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.
Recorde-se que em Julho de 2007 a Comissão Europeia instaurou um procedimento de infracção contra Portugal (Processo 2006/4398) no âmbito do qual solicitou formalmente que se alterasse a legislação relativa à tributação sobre a transmissão de automóveis, por considerar que o IA não devia estar incluído na base tributável do IVA. Para além desta situação se traduzir numa dupla tributação, a CE referiu que este procedimento violava a harmonização fiscal europeia e distorcia o sistema europeu do IVA.

A CE deu então dois meses para Portugal alterar a sua legislação e ameaçou processar Portugal no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, caso Portugal não acatasse a sua recomendação. Apesar disso, o processo não foi ainda enviado ao Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.

«O Governo continua a fazer do sector automóvel o grande gerador de receitas fiscais, mesmo que isso implique a violação de regras comunitárias e uma exponencial perda de poder de compra para os automobilistas portugueses.» afirma o ACP, salientando que «Em tempo de crise económica, em que todos os governos europeus estão a tomar medidas de emergência para incentivar o consumo aliviando o peso da tributação (veja-se o caso das medidas anunciadas pelo executivo britânico de baixar o IVA; a proposta actualmente em discussão no Parlamento alemão em que se pretende isentar até dois anos de imposto de circulação automóvel os automóveis adquiridos em 2009; e a decisão espanhola de não aumentar a tributação automóvel em 2009), o Governo português, para além de ter incluído na Proposta de Orçamento do Estado para 2009 o aumento do ISV, continua a tributar duplamente a aquisição de carros novos, i.e., faz incluir o ISV na base tributável do IVA».
"

O que é que isto significa?
Até meados desta década, todos os Governos deixaram "ficar" o modelo ilegal (perante as regras da UE) de dupla tributação nos automóveis. O modelo consistia em aplicar o IVA sobre o antigo IA (imposto automóvel). Bruxelas avisou o nosso Governo algumas vezes, que por sua vez, fez sempre ouvidos de mercador e preferiu pagar as irrisórias multas à UE do que mudar o sistema.

O problema veio quando a UE fez um ultimato a Portugal para suspender o modelo de tributação e puniu severamente a Dinamarca (para quem não sabe, o Estado dinamarquês foi obrigado a devolver aos consumidores milhões e milhões de Euros "roubados") por aplicar um modelo parecido.
Qual foi a solução do chico-esperto do Primeiro-Ministro? Faz-se umas alterações básicas, muda-se o nome à "coisa" e temos um imposto novo.
O actual ISV (que junta a tributação da cilindrada - à la país de terceiro Mundo - e das emissões de CO2 ao antigo imposto municipal de circulação) é tão só o antigo IA com uma fórmula diferente, mas que continua a coexistir com o IVA. Bruxelas já voltou a avisar Portugal, mas José Sócrates está a marimbar-se.

Desta vez foi o Automóvel Clube de Portugal a processar o Estado, mas não é óbvio o desfecho do processo?
Enquanto isso, vamos ser um dos países da UE com os menores preços-base nos automóveis, mas em contrapartida, vamos continuar a ter os automóveis mais caros da Europa por causa do ilegal peso-pesado que os impostos têm sobre os mesmos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ferreira Leite: Round #6


Para Manuela Ferreira Leite, não é com «frases sonantes sem fundamento e ocas de conteúdo» que o país irá andar sobre rodas.
Uma coisa é inegável: os disparates e atrocidades que a Manela profere... sonantes, lá isso são. Sem fundamento e ocos de conteúdo? Duvido. Acho que é tão só o reflexo da forma Salazarista de estar na vida e na política da senhora.

A verdade é que parte do complexo direitista em Portugal põe paninhos quentes por cima de todos os disparates que esta mulher tem dito e feito. É engraçado vê-los em debates televisivos a alargarem a trajectória discursiva para evitar tocar no que está a ser focado... mas isto já é habitual da direita em Portugal, por isso, não me espanta. Gosto, sobretudo, de ver o Pacheco Pereira a desempenhar muito bem o seu papel de aia da Doutora Manuela Ferreira Leite.

Doutora Manuela Ferreira Leite? Doutora? Desde quando? Ela é licenciada como eu! A verdade é que insiste-se em atribuír-lhe esta designação de grau académico... que a líder do PSD não tem.

Soberbo mesmo, foi o sketch d'Os Contemporâneos da RTP1 sobre o comportamento (ou falta dele) da líder do PSD. Não viram? Já deve andar pelo youtube - e o Bruno Nogueira fica absolutamente tchanan caracterizado de Manuela Ferreira Leite.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dacia Sandero: a opção racional de A a B

«Dacia? Qu'é isso?»

Apesar de ter iniciado a comercialização noutros mercados posteriormente, só no início deste ano é que a Dacia se estreou no mercado nacional. Em Portugal apenas é vendida a Logan MCV (carrinha compacta multiusos com 7 lugares e muito espaço), ficando a (original) versão sedan de 4 portas fora do circuito nacional, visto que este formato de carroçaria não reúne adeptos no nosso país.





«Nunca ouvi falar, não conheço»

Ora para quem não conhece, a Dacia é uma marca de automóveis romena que a Renault (que forma aliança com a Nissan) comprou há cerca de 10 anos. Para substituír toda a gama velha e desactualizada da Dacia, a Renault concebeu o Logan (que começou por surgir nas versões supra-mencionadas). O Logan é um modelo do segmento médio, desenvolvido com base na estrutura da actual geração do Renault Clio (portanto, é uma base moderna e sofisticada - uma das melhores do segmento) e, apartir daí, criou um automóvel simples, fácil e barato de construír, fiável e que não avarie, e se avariar, que seja fácil de reparar pelo condutor... coisa que não podemos fazer com os carros actuais. Para isso garantir essa concepção low cost, a Renault usa nos Dacia peças de modelos em fim-de-vida ou que já não são produzidos (como os anteriores Clio ou Mégane), cujos custos de produção já foram amortizados e cuja fiabilidade já foi comprovada, e outros componentes com superfícies pouco complexas na sua forma. Os motores são conhecidos de modelos antigos, apenas foram actualizados para cumprir as normas antipoluição da UE. Electrónica? Q.b., quanto menos, melhor servirá os pressupostos que referi.

Os Dacia foram concebidos a pensar nos mercados emergentes que são menos exigentes em termos de produto. Altura ao solo é maior do que nos carros "convencionais", já a maioria irá circular por caminhos e por estradas degradadas, muitas vezes não alcatroadas.

Mas a verdade é que os Dacia também estão a ter sucesso na Europa Ocidental! Como é que isto se explica [Até no difícil mercado alemão já penetraram o Top 20!]?
Em primeiro lugar, porque avizinha-se uma grave crise económica. Isso empurra os clientes de modelos generalistas para propostas ainda mais económicas.
Por outro lado, a Renault adaptou os Dacia a mercados como o nosso. E na Europa Ocidental há muitas pessoas que apenas querem um automóvel racional, simples, barato e económico, que não avarie, desprendido de apegos emocionais, e que apenas transporte-as de A para B de modo minimamente cómodo e confortável. Os Dacia são isso mesmo!
Em Portugal, duvido que seja replicado o sucesso da restante Europa. No nosso país, o que vende é a imagem e o status (a Dacia tem zero neste campo) e não a relação preço/produto.


Dacia Sandero em Portugal





Já está disponível no nosso país o Sandero. Em vez de pegar no Logan e cortar-lhe o "rabo", a Renault Brasil concebeu o Sandero. Pegou na base do Logan, criou uma carroçaria hatchback de 5 portas (sem "rabo", portanto) com um desenho novo e muito mais apelativo. Querem uma prova de que a Renault reaproveita peças de que os Dacia são baseados no novo e moderno Clio? Não só os vidros laterais são os mesmos, como as dimensões exteriores (comprimento, altura, largura e distância entre-eixos) são muito idênticas às da referência do segmento B: o Clio.

O interior do Sandero é o mesmo do Logan. O tablier tem um desenho muito simples e aspecto minimalista, os plásticos duros abundam e podem ver-se algumas cabeças de parafusos em algumas zonas mais escondidas. Mas o cliente-alvo de um Dacia também não está à procura da qualidade de construção de um modelo alemão.
Espaço e bagageira? Coisa que não falta! Os bancos de trás são mais espaçosos do que muitos automóveis de segmentos superiores e a mala dispõe de 320 litros, bem acima da maioria do segmento B.
É low cost, mas é confortável. Os bancos são macios e têm um desenho simples e cómodo. Já na estrada, o Sandero comporta-se como... um Renault, o que é previsível, pois os franceses são conhecidos pelo conforto de rolamento e interior. Este Dacia é estável q.b. e as suspensões cumprem com o que lhes é pedido. O Sandero é, provavelmente, mais confortável do que alguns modelos italianos e alemães.

Em Portugal, os Dacia não são vendidos com os motores a gasolina (o velhinho 1.4 com 8 válvulas e 75 cv e o 1.6 16 válvulas com 105 cv), mas sim com o 1.5 dCi (moderno turbodiesel proveniente da actual gama Renault e Nissan) com 70 ou 85 cv. O 1.4 a gasolina parece asfixiado pelo peso do carro, mas os 1.5 dCi deverão ser suficientes, dado o binário mais elevado e a sua disponibilidade.

Mais do que obvia é a menor dotação de equipamento... o que também é compreensível, pois o cliente-tipo dos Dacia apenas procura o básico e indispensável num carro e não aprecia mordomias que ninguém usa. Na versão base (€13300), equipamentos como os vidros eléctricos (€119), o rádio (€297), o ar condicionado (€694), a pintura metalizada (€248), as jantes de liga leve (€298), os faróis de nevoeiro, os retrovisores eléctricos ou o computador de bordo são opcionais pagos à parte, ou disponíveis em versões mais caras e mais bem equipadas.

Se excluírmos o facto de ter uma concepção simplista e da qualidade de construção ser inferior, o Sandero pode ser uma excelente proposta que oferece espaço, conforto e comodidade e, sobretudo, muitos €uros poupados face a outras propostas.

Madonna mal arranjada: nova forma de celebração por ser novamente solteira?




Apesar de ser uma figura popular (para além de ser o ícone da cultura popular mais importante dos últimos 25 anos), Madonna é conhecida pelo bom gosto nas roupas, cabelo e maquilhagem, quando faz aparições públicas em eventos. Madonna pareceu amadurecer com os anos neste aspecto - relativamente a outras "colegas" - sendo hoje rara a vez que o seu gosto duvidoso vem ao de cima.

Contudo, Madonna chumbou no teste na última aparição. A camaleona apareceu num evento de beneficiência da Gucci e da Unicef com um vestido verde cheio de franjas que tapam as curvas do corpo. A ajudar à festa, juntou-lhe uma maquilhagem garrida e carregada (bem ao estilo da Madonna do antigamente) e um penteado reminiscente de alguns que usou nos primeiros anos de popularidade efervescente.
Para compensar, Madonna não pareceu nada abalada com os acontecimentos pessoais das últimas semanas, ao contrário do que aparentava nos últimos dias.

Terá sido esta a sua estranha forma de celebrar e dar o seu grito do Ipiranga: «estou novamente solteiraaaaaaaaa (guys, where are y'all?)». Esperemos que não, pois não terá sido bem sucedida.

Notícia também foi a oficialização do divórcio com o cineasta Guy Ritchie. Consta que a relação de ambos já era de fachada há algum tempo. Consta também que lá em casa predominavam os insultos e as humilhações mútuas. Ao que parece, Madonna é autoritária (basta ver pela lista de exigências absurdas que anexou aos filhos quando os enviou recentemente a Londres para visitar o pai), controladora, viciada em trabalho, na imagem e na Cabala. Do outro lado do ringue, temos Guy Ritchie que, segundo dizem, gostava de insultar e humilhar Madonna e o seu trabalho e que, segundo o irmão da Queen of pop (com quem ela não fala pois ele publicou recentemente um livro com revelações não-autorizadas sobre o casal), o cineasta é o típico macho britânico orgulhoso e homofóbico que tentava isolar Madonna em casa e afastá-la do grupo de amigos. Madonna nunca se adaptou obviamente ao british way of life e ao estilo de vida da dona de casa que cuida da família, estando agora de volta aos States.

Incompatibilidade de carreiras? Talvez. Madonna é tão só a entertainer mais bem sucedida de sempre, é o ícone cultural com mais peso das últimas décadas e não parece querer abdicar do trono. Guy Ritchie é um cineasta britânico que no final dos anos 90 era adorado pela crítica mas, desde então, quase todos os projectos que dirigiu foram fiascos comerciais e arrasados pela crítica. Para apressar o divórcio, Guy Ritchie abdicou dos direitos do acesso a metade da fortuna de Madonna que, por sua vez, é 10 vezes maior que a dele.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ponha a pata na pocilga


...É aquilo que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite insiste em fazer, por cada vez que abre a boca.

«Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...» (...) «Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se» (...) «E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia.»
(...)
«Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos.»
Foram estas as mais recentes infelizes - como de costume - declarações proferidas pela líder parlamentar do PSD.

Antes disto...
Round 1: Estou a recordar-me de quando pôs os pés pelas mãos com as declarações homofóbicas aquando da discussão da, posteriormente chumbada, proposta de lei que equiparava as pessoas do mesmo sexo.
Ferreira Leite perdeu o round.

Round 2: Estou a recordar-me do "jogo do gato e do rato" que fez nas últimas semanas relativamente ao Orçamento de Estado para 2009 em que fez a sua opinião oscilou intermitentemente entre o "é mau", "vamos ver para o ano o resultado do OE", "não sei se é mau, não percebo nada disso, só sei que vocês são os maus" apenas por teimosia e para ser do contra.
A Manela... novamente derrotada.

Round 3: «Não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite.» As entidades reguladoras do órgãos de comunicação social não servem nada, portanto. Significa isso que, já que a democracia podia ser suspensa, talvez a censura fosse novamente benvinda.
Ferreira Leite... moribunda no chão do ringue.

Round 4: Também foi há dias que a líder do PSD afirmou que se tivesse ideias (fossem elas reformas ou propostas de lei ou de resolução de problemas), não as tornava públicas para que o PS não lhas roubasse. Isso é que é política, hein Manela?!
Oh Manela, diga-nos lá... não acha que isto cria um enorme contrasenso com o facto de andar constantemente a choramingar pelo facto de o PS (que tem a maioria absoluta) não ouvi-la a si e à restante oposição? Então quer ser ouvida e quando tem ideias, prefer guardá-las para que não lhas roubem?
Desista: GAME OVER!

Curiosa (ou nem por isso) é a reacção de dois fantoches (ainda... infelizmente) activos do partido do qual esta senhora é lider. Miguel Sousa Tavares e Marcelo Rebelo de Sousa, pois concerteza!!!
O primeiro ainda teve o discernimento de afirmar que «fala mal e nos momentos errados»... deve ser para compensar os disparates que disse e a atitude que teve no último debate da RTP no qual participou.
Já o segundo prefere pôr paninhos quentes na Dona Manuela - assim sendo, bem que podia aproveitar a deixa, formavam ambos um par e iam-se embora de vez.

Ironia ou não, a verdade é que esta velha chata insiste em proferir atrocidades, umas atrás das outras, dando a sensação de que, primeiro fala e depois é que pensa no que diz (será que pensa?).
Manuela, vou ensinar-lhe uma coisa: a ironia é uma das componentes da oratória - por sinal, um dos elementos fundamentais para qualquer pessoa que queira fazer parte da vida política. Sabia que qualquer actor político deve saber dominar esta arte?

...Oops, já me esquecia: a Manela, como muito bem diz, não está aqui para ser actriz (nem política, pelos vistos).

Minha senhora, tenha dó de si mesma, pare de se humilhar publicamente e vá-se embora enquanto é tempo. Não tem carisma para estar à frente de um partido em Portugal. Não só não está a fazer nada (faz é mal...) à frente de um partido que mais fraccionado já não podia aparentar estar, bem como não tem carácter para chefiar um Governo, ainda que hipoteticamente (e espero que esta hipótese esteja bem remota).

GAME OVER, MANUELA.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Americanos: o colapso económico por um fio - Capítulo 3


Anunciado há dois dias:
A General Motors pode não ter liquidez suficiente para sobreviver... até ao final do ano! Os prejuízos do maior dos gigantes mundiais da indústria automóvel chegaram aos 4 mil milhões de dólares no último trimestre.

Anunciado hoje: Se não conseguir a fusão com outro construtor ou a injecção de capital urgente, a Chrysler (detentora da Chrysler, Dodge e Jeep) e o consórcio que a detém - a Cerberus - pode não conseguir a operacionalidade para 2009 e ter que avançar para o sistema de demissões voluntárias.

Recordo que o governo norte-americano recusou-se a emprestar 10 mil milhões de dólares necessários para a fusão entre a Chrysler e a GM que decorria em conversações, entretanto canceladas.

A GM (e a Ford também) está desesperada que o governo norte-americano se decida a injectar uns bons milhares de milhões de dólares para garantir a subsistência do grupo que detém marcas como a Opel, a Chevrolet, a Saturn, a Cadillac, a Saab, entre muitas outras de que não precisa.

Eu acredito que é o que irá acontecer mais cedo ou mais tarde. A General Motors é uma das entidades que assegura as pensões de milhões de americanos. A falência desta empresa significaria uma crise mais violenta e devastadora do que a "perda" de um banco norte-americano. Será provavelmente e inevitavelmente, o Governo a salvar este gigante.

Há algumas horas, o Deutsche Bank avaliou as acções da GM em... zero, e aconselhou o grupo a vendê-las o quanto antes pois não acredita na viabilidade do grupo. Por sua vez, o Barclays avaliou as mesmas com um "target" de um dólar.

Esperem pelos próximos episódios...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

[Ford, GM, Chrysler] Eu não queria dizer isto, mas... «Eu avisei!...» - Capítulo 2



Eu não queria dizer isto, mas... Eu avisei.

A Ford e a General Motors exigiram ao Governo norte-americano que lhes seja injectado com urgência 25 mil milhões de Dólares. Que significa isto (depois do artigo que publiquei há quase 1 mês)?

Significa que as vendas de automóveis nos E.U.A. caíram 32% no mês passado para o valor mensal mais baixo de... 1911!!! Relembro que o pioneiro da estandardização, o Ford T, fez agora 100 anos e que 1911 foi um dos primeiros picos de produção deste modelo.
Significa também que o mercado de automóveis norte-americano enfrenta as maiores dificuldades desde 1982.

Por sua vez, intensificam-se os rumores de que as negociações de uma fusão entre a GM e a Chrysler estão a correr sobre água e que estão a fazer os possíveis para que aconteça rapidamente.
Caso se realize, irá haver uma grande reestruturação do espólio dos grupos e, inevitávelmente, um grande rol de milhares de despedimentos.

É a crise nos E.U.A. a dar sinais de que vai abalroar os gigantes mundais - americanos - da indústria automóvel. Se alguma destas 3 falir (principalmente a Ford e a GM), preparem-se para rezar porque muita cabeça e muita empresa, banco, fábrica irá rolar atrás (e não só nos E.U.A.)...

UPDATE: Acabei de ler num fórum de que corre o rumor de que a GM não sabe se tem dinheiro suficiente para sobreviver por poucos meses...

Sarah Palin... a saga continua!



Mesmo depois do Santo Obama ter convencido oficialmente o Mundo e os americanos de que vai mudar o Mundo, a menina Sarah Palin continua a dar que falar... e sempre pelos piores motivos. Mas onde é que John McCain tinha a cabeça para escolher esta dondoca fútil para hipotética Vice-Presidente dos E.U.A.? Estará assim tão senil?

O pior de tudo é que esta hockey mom que não faz a mínima ideia de quem sejam Sarkozy e Zapatero (para ela, talvez seja o nome de algmarcas de roupa... europeias, claro, porque tudo o que fica fora das fronteiras americanas, esta burra desconhece) prepara-se para ser a próxima líder dos republicanos e, assim, poder vir a ser eleita Presidente dos E.U.A. em 2012! QUE MEDO, fujam!!!

Senão vejamos...

Segundo a Fox News, agora que o alarido já terminou, alguns elementos da campanha pró-McCain começaram a levantar o véu sobre algumas coisas que era melhor ficarem escondidas. Segundo eles, «ela [Palin] não sabia que países fazem parte do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio [EUA, Canadá e México]» e que também «não sabia que África é um continente»!

Ainda segundo uma notícia publicada no Diário IOL, Palin recusou fazer qualquer preparação para a entrevista com Katie Couric. Resultado: a entrevista foi um autêntico desastre e Palin não soube dizer o nome de um jornal que leia diariamente.

Em contrapartida...
...Parece que Palin já começou a devolver boa parte das peças de roupa milionárias que usou durante a paródia que foi a campanha. Eu acho que esta campanha para as eleições deve ter sido «um escândalo», algo de maravilhoso e divertido para ela.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Manuela Ferreira Leite: com que então não era actriz política...




Ainda agora começou a (pré-)campanha para as eleições de 2009, e eu já não tenho pachorra, nem para o Sócas que diz que é "Doutor Enginheiro" nem para a velha chata da Ferreira Leite.

O PS e o austista e carrancudo governo de José Sócrates tem vivido de mediatismo e, em vésperas de novas eleições, tem vivido de medidas populistas que visam passar com o apagador nos últimos anos:

- banda-larga e Magalhães para todos os portugueses/as;
- aumento de 2,9% no salário mínimo e;
- salário mínimo de €450 para 2009 (ainda assim continuamos longe da ridícula barreira psicológica dos €500);
- anúncio de inflação menor do que os rendimentos médios (claro que estes valores vão ser corrigidos pelos media à medida que nos apercebermos que não é verdade).

O "Enginheiro Sócas" até parece mais simpático, sorridente e com um ar apaziguador nas últimas aparições públicas. Tão querido, tão fofinho.

Mas a opositora e líder laranja Manuela Ferreira Leite não lhe fica atrás.
Na verdade, ainda agora a campanha dela começou e eu já não tenho paciência para ela.

Agora inventou que o Governo tem que pedir desculpas. Isso foi antes de ter afirmado que o Governo age como se fosse uma empresa organizadora de eventos e que «tem ministros com funções jornalísticas, ministros que fazem de comentadores e ministros com vocação comercial» (por acaso, nesta até esteve bem... porque até concordo).

Antes disto tudo andou como uma mosca de volta do Orçamento de Estado para 2009 e só se enterrou cada vez que vinha a público falar dele.
Primeiro disse que estava bem, mas que precisava de verificar a veracidade das contas. Depois, disse que o Orçamento era surreal. Depois, em entrevistas, disse que só com o decorrer do próximo ano é que se ia provar se este Orçamento era correcto ou não (ou seja, voltou atrás). Agora, finalmente, nas palavras dela «Este Orçamento, como o PSD já sublinhou, é um exercício de grande ilusionismo, bem à medida do estilo a que o Eng. Sócrates nos habituou».

Não há paciência que chegue para esta velha feia, aborrecida, mal-arranjada, mal-vestida, mal-humorada (está sempre com cara de que ela é a personificação do Estado, ou seja: cara de quem lhe deve e não lhe paga) e homofóbica. Sim, eu não me esqueci dos disparates e barbaridades que esta senhora disse em entrevista aquando da discussão da proposta do BE/Verdes para o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Só isso faz com que não vote nela. Até porque, eu concordo com quase todas as medidas que ela tomou enquanto Ministra das Finanças (sim, eu fui a favor do "aperto do cinto" e da venda de património). Mas ela que se deixe ficar por aí. Não a quero ccomo Primeira-Ministra depois de atitudes destas.

Homem-Aranha, Super Homem e... Barack Obama


I'm sorry Obama, but I don't trust in you.

Assim começa o meu novo post. E é verdade. Barack Obama não conquistou a minha confiança e, portanto, não me vou juntar à maralha que organiza ovações ao senhor.

A primeira sensação que me dá - e que é extremamente enervante - é que os Portugueses estão tão preocupados, interessados e atentos com as eleições norte-americanas... como nunca estiveram com as portuguesas (sejam autárquicas, presidenciais ou legislativas)! E logo nós que somos tão patriotas e defensores do que é nacional quando toca a duas coisas: feriados no calendário e dia de jogo da selecção nacional de futebol. Para isto sim, já somos patriotas.
Mas pulando novamente para território americano...

Acho que Barack Obama mostrou demasiada demagogia (mais do que José Sócrates ou que Manuela Ferreira Leite...) e pareceu-me ser bastante teatral.
Não ponho em causa as convicções políticas do futuro Presidente dos E.U.A., mas ponho em causa a capacidade de liderar não só a potência que o país representa para o Mundo, mas o territótio itself.

Uma coisa ninguém pode negar, seja-se apoiante dele ou não: Barack Obama foi levado ao colo por quase todos os media. Na maior parte das vezes a única coisa que pareceu faltar foi canonizar e beatificar o homem! Claro que isso favoreceu-o, e ele ajudou à festa. Determinados pontos da retórica de Obama (sempre previsível e forçada... quase parecendo que estava a proferir as ideias e palavras de outrém), bem como a postura durante a campanha e a imagem física (pose para as câmeras inclusive) que passou para o "povo" foram sempre com a intenção de fazer Obama parecer a sequela de Martin Luther King.
A diferença é que MLK parecia convicto daquilo que dizia, porque a tensão social era infinitamente maior, e Obama pareceu estar a brincar ao teatro em algumas aparições públicas.

Simultâneamente, o inverso aconteceu a John McCain. Eu não sou adepto de políticas de direita, mas John McCain foi claramente desfavorecido pelos media. Ele também não ajudou e fez questão de enterrar-se a ele mesmo, seja com os ataques ao Santo Obama (que fizeram ricochete, naturalmente!), seja com a infeliz escolha da barata tonta da Sarah Palin. A verdade é que os media fizeram questão de sublinhar que McCain é um candidato republicano e que, em 2008, ser-se republicano significa "W. Bush parte II" para os americanos e para o Mundo... o dos ignorantes, claro.

O que o mundo dos ignorantes não sabe é que John McCain pertence à ala mais esquerdina dos republicanos conservadores (portanto, é uma espécie de centro-direita) e que teve bastantes conflitos com George W. Bush durante a campanha em 2000. Estes acontecimentos fizeram com que McCain tivesse sido virtualmente alienado pelos republicanos e ter sido visto, então, como um outsider. Se repararmos bem, Bush raramente apareceu ao lado de McCain na campanha. E se nos lembrarmos ainda melhor, McCain apareceu com sorriso forçado e "cara de chinesa" ao lado de Bush, após desistir das eleições em 2000. Portanto, não são propriamente amigos.

O que mais me assusta em Obama, para além do que supra-mencionei, é a lacuna de conteúdo e de matéria palpável sobre (reais) políticas governamentais no discurso dele. Ao invés disso, Obama compensou essa lacuna com muitíssimo eloquente paleio vazio sobre a harmonia universal e sobre a distribuição de riqueza.
Custa-me a acreditar como é que as pessoas não têm inteligência suficiente para perceber que o facto de Obama ser o primeiro presidente negro apenas vai ter importância em termos culturais... e a longo prazo.

Mas não sei qual dos lados, o pior.
Mais assustador ainda foi a possibilidade de Sarah Palin vir a tornar-se vice-presidente daquilo que os E.U.A. representam para o Mundo. Como Matt Damon disse, foi assustadora a possibilidade de uma dondoca (de uma hockey mom, como lhe apelidou) poder ter nas mãos dela o poder do botão nuclear que controla o Mundo, sendo ela uma senhora que em entrevista demonstrou que nem sequer fazia a mínima ideia de quem Sarkozy e Zapatero eram!

Mas voltando a Obama, a sensação que me dá é que Barack Obama andou todo este tempo a prometer mundos-e-fundos sem fazer a mínima ideia se possui os recursos para consegui-los. E o pior de tudo é que, a outra sensação que me dá é que, esses recursos não são suficientes e nem a estrutura sócio-político-cultural dos E.U.A. permite fazer algumas dessas mudanças.
Aquilo em que Obama pode ser positivo é para desfiar algum do enooooooooooorme desfasamento de mentalidades e de way-of-life que existe entre os grandes centros urbanos litorais (NY, a Califórnia, Boston, Chicago, SF, SJ, e mais um ou outro) e a restante América ideologicamente perdida no meio destes dois polos. Eu acho que é por aí que se tem que começar...

A questão põe-se na actual situação. Como é que Obama vai redistribuír a riqueza nos E.U.A. através dos impostos e vai enfrentar a crise que ainda está para vir simultâneamente?

O problema maior, e para o qual os E.U.A. souberam até há alguns meses desviar as atenções, é que a indústria pesada norte-americana - em sectores fulcrais - está arrasada... e a verdadeira crise ainda não chegou! O exemplo disso é a indústria automóvel norte-americana que tem um peso enorme na economia e que está... pelas ruas da amargura.
Chrysler está nas ruínas e desesperada à procura de um parceiro que lhe injecte capital.
A Ford colecciona prejuízo e resultados negativos e só a divisão Ford Europa é que dá lucro. O desespero é tão grande que os produtos da Ford Europa vão passar a ser comercializados nos States... mesmo com o Euro a valer muito mais e a prejudicar as importações.
A General Motors... ou arranja um plano de salvação e sai do vermelho (vermelho não... bordeaux!), livra-se de algumas das inúmeras (e desnecessesárias) marcas que possui e reformula por completo a sua estrutura interna e industrial ou estamos muito mal.


E o problema é que a indústria automóvel é apenas uma ponta do icebergue e que se os gigantes Ford e GM caírem... muita coisa nos E.U.A. e fora dele (empresas, fábricas, bancos... em todo o Mundo) vai caír atrás deles por arrastão e aí ninguém vai poder salvá-las.
Acho que ninguém está verdadeiramente a preocupar-se com isso. Ao invés disso, Obama fala em redistribuição da riqueza e, logo, do consumo... e acho que não é por aí que se devia partir.
A verdade é que Obama foi apanhado de surpresa pelo eclodir dos sinais mais preocupantes da crise a meio da campanha e, provavelmente, não tem/tinha um plano B.

Acho que o Barack Obama não é, nem de longe, revolucionário e que não vai salvar o Mundo. Portanto, não dou pulos de alegria, mas fico céptico e em stand by em relação ao panorama.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Depressão: resultado do ciclo de Kondratieff ou de um ciclo hegemónico?


No início desta década já se falava da palavra "crise" um pouco por todo o Mundo, mas sempre me pareceu que era apenas paleio e nunca vi muita acção para contrariar esse processo por parte dos governos e das empresas.
Depois do susto que o Mundo apanhou há algumas semanas - e muita razão têm alguns filósofos do séc. XIX e XX ao afirmar que a Humanidade só consegue agir e reagir sobre pressão e, principalmente, depois de um acontecimento traumático - o bichinho deixou de se armar em macaco e reconhece que existem realmente problemas que podem ser apenas o rastilho de mais um grande período de crise.

Na minha opinião de leigo, o rastilho só agora foi acendido e não há de faltar muito até rebentar.
O sistema capitalista já provou ser falível - como todos os outros sistemas criados pelo Homem - e o mundo adepto desta ideologia prepara-se para caír porque o capitalismo (principalmente o seu "lado de personalidade" selvagem) minou-se a ele mesmo e prepara-se para ruír através do desmoronar dos seus pilares de sustentação, um a um. Foi o que aconteceu com os anteriores sistemas e este não será excepção. Foi criado pelo Homem, lembram-se?

Atrás da ruína deste sistema e das ideologias adjacentes, virão atrás inúmeros outros valores em jeito de arrastão. Não só a economia vai ceder, mas o elástico ideologico irá rebentar (tal como aconteceu em todos os períodos de depressão, em que as instituições mais dogmáticas tomam de assalto o trono da liberdade ideológica). A liberdade de expressão e o empowering de determinadas minorias irá regredir e ser asfixiado num ápice, nessa altura.

A maior parte dos Chefes-de-Estado e de líderes dos governos (bem como experts em política económica) tendem a desdramatizar e a afirmar que esta crise é superável e que os mecanismos desenvolvidos com base em situações anteriores dão conta do recado.
Eu discordo. As anteriores crises e depressões aconteceram simplesmente porque corroeram pontos que esses mecanismos não previam. É o que vai acontecer.

Intrinsecamente relacionado com esta temática, encalhei, há alguns dias num texto extremamente interessante e importante para esclarecer algumas dúvidas. É um pouco técnico, mas muito acessível.
É um texto escrito por Immanuel Wallerstein, mas aqui traduzido por Luís Leiria e roubado ao Esquerda.net. Eu encontrei-o no blogue 5dias.net.:

«Começou uma depressão. Os jornalistas ainda estão timidamente a perguntar aos economistas se podemos ou não estar a entrar numa mera recessão. Não acreditem nem por um minuto. Já estamos no início de uma completa depressão mundial, com desemprego extensivo em quase todo o lado.

Pode assumir a forma de uma deflação nominal clássica, com todas as suas consequências negativas para as pessoas comuns. Ou pode tomar outra forma, um pouco menos provável, de inflação galopante, que é apenas uma outra forma de deflacionar valores, e que é ainda pior para as pessoas comuns.

Claro que todos estão a perguntar o que desencadeou esta depressão. Foram os derivados, que Warren Buffett chamou de “armas financeiras de destruição maciça”? Ou foram as hipotecas subprime? Ou são os especuladores do petróleo? Trata-se de um jogo sem qualquer importância real. É prestar atenção à poeira, como dizia Fernand Braudel acerca dos eventos de curta duração. Se queremos entender o que está a acontecer, é preciso olhar para duas outras temporalidades, que são muito mais reveladoras. Uma é a dos ciclos de média duração. E a outra é a das tendências estruturais de longa duração.

A economia-mundo capitalista teve, por pelo menos algumas centenas de anos, duas formas principais de ondas cíclicas. Uma é a dos chamados ciclos de Kondratieff, que historicamente tinham uma duração de 50-60 anos. E a outra é a dos ciclos hegemónicos, que são muito mais longos.

Em termos de ciclos hegemónicos, os Estados Unidos eram um ascendente candidato à hegemonia em 1873, conquistaram o pleno domínio hegemónico em 1945, e têm vindo a declinar lentamente desde os anos 70. As loucuras de George W. Bush transformaram um lento declínio numa queda precipitada. E, por agora, já estamos longe de qualquer aparência de hegemonia dos EUA. Entrámos, como normalmente acontece, num mundo multipolar. Os Estados Unidos permanecem uma forte potência, talvez ainda a mais forte, mas vão continuar o declínio relativo às outras potências nas próximas décadas. Não há muito o que se possa fazer para mudar isto.

Os ciclos Kondratieff têm uma periodicidade diferente. O mundo saiu da última fase B de Kondratieff em 1945, e entrou na mais forte subida de fase A da história do moderno sistema-mundo. Chegou ao seu ponto mais alto cerca de 1967-73 e começou a descer. Esta fase B durou muito mais tempo que todas as anteriores, e ainda estamos nela.

As características de uma fase B de Kondratieff são bem conhecidas e correspondem ao que a economia-mundo tem vindo a atravessar desde os anos 70. As taxas de lucro das actividades produtivas diminuem, especialmente nos tipos de produção que foram mais lucrativos. Consequentemente, os capitalistas que desejam obter realmente altos níveis de lucro, viram-se para a arena financeira, envolvendo-se no que basicamente é especulação. As actividades produtivas, para não se tornarem demasiado pouco lucrativas, tendem a transferir-se de zonas centrais para outras partes do sistema-mundo, trocando baixos custos de transacção por custos mais baixos com o pessoal. Este é o mecanismo que fez desaparecer os empregos de Detroit, de Essen e de Nagoya, ao mesmo tempo que se expandem as fábricas na China, na Índia e no Brasil.

Quanto às bolhas especulativas, sempre há quem faça muito dinheiro com elas. Mas as bolhas especulativas sempre estouram, mais tarde ou mais cedo. Se perguntarmos por que esta fase B de Kondratieff durou tanto tempo, é porque os poderes reais - o Tesouro dos EUA e a Reserva Federal, o Fundo Monetário Internacional e os seus colaboradores na Europa ocidental e no Japão - intervieram no mercado com regularidade e importância para sustentar a economia-mundo: 1987 (queda das bolsas), 1989 (colapso das poupanças e empréstimos nos Estados Unidos), 1997 (queda financeira da Ásia Oriental), 1998 (má gestão do Long Term Capital Management), 2001-2002 (Enron). Aprenderam as lições das anteriores fases B de Kondratieff, e os poderes reais pensaram que podiam derrotar o sistema. Mas há limites intrínsecos para fazê-lo. E atingimo-los agora, como estão a aprender Henry Paulson e Ben Bernanke, para seu desconsolo e provavelmente espanto. Desta vez não vai ser tão fácil, provavelmente impossível, evitar o pior.

No passado, quando uma depressão executava a sua devastação, a economia-mundo recuperava de novo, na base de inovações que podiam ser quase monopolizadas por algum tempo. Assim, quando se diz que a Bolsa de Valores vai-se levantar de novo, isto é o que se pensa que vai acontecer, desta vez, como no passado, depois de todos os estragos que foram feitos às populações mundiais. E talvez aconteça, dentro de alguns anos.

Há porém algo novo que pode interferir com este belo padrão cíclico que sustentou o sistema capitalista durante cerca de 500 anos. As tendências estruturais podem interferir com os padrões cíclicos. As características estruturais básicas do capitalismo como sistema-mundo operam de acordo com certas regras que podem ser desenhadas num gráfico como um equilíbrio ascendente. O problema, como em todos os equilíbrios estruturais de todos os sistemas, é que ao longo do tempo as curvas tendem a afastar-se do equilíbrio e torna-se impossível equilibrá-las de volta.

O que levou o sistema tão longe do equilíbrio? Muito brevemente, é porque durante 500 anos os três custos básicos da produção capitalista - pessoal, inputs e impostos - subiram constantemente como percentagem dos possíveis preços de venda, de tal forma que hoje tornam impossível obter os grandes lucros da produção quase monopolizada que sempre tem sido a base da acumulação significativa do capital. Não é porque o capitalismo esteja a falhar no que faz melhor. É precisamente porque fez tão bem, que acabou por minar a base da futura acumulação.

Que acontece quando chegamos a um tal ponto em que o sistema se bifurca (na linguagem dos estudos de complexidade)? As consequências imediatas são uma alta turbulência caótica, que pela qual o nosso sistema-mundo está a passar neste momento e que vai continuar a atravessar durante talvez outros 20-50 anos. À medida em que cada um empurra para qualquer direcção que considera ser aquela que é imediatamente melhor para ele, uma nova ordem vai emergir do caos, tomando um de dois caminhos alternativos e muito diferentes.

Podemos afirmar com confiança que o actual sistema não pode sobreviver. O que não podemos prever é que nova ordem será escolhida para substituir esta, porque será o resultado de uma infinidade de pressões individuais. Mas, mais tarde ou mais cedo, será instalado um novo sistema. Não será um sistema capitalista, mas pode ser muito pior (mesmo mais polarizador e hierarquizado), ou muito melhor (relativamente democrático e relativamente igualitário) que este sistema. A escolha de um novo sistema é a maior luta política mundial dos nossos tempos.

Quanto às nossas perspectivas imediatas e interinas de curta duração, é claro o que está a acontecer em todo o lado. Estamos a caminho de um mundo proteccionista (esqueçam a chamada globalização). Estamos no caminho de uma ingerência muito mais directa do governo na produção. Mesmo os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estão a nacionalizar parcialmente os bancos e as grandes indústrias moribundas. Estamos a caminho de uma redistribuição populista, dirigida pelos governos, que pode assumir formas social-democratas de centro-esquerda ou autoritárias de extrema-direita. E estamos a caminho de conflitos sociais agudos no interior dos Estados, em que todos competem pela torta menor. Na curta duração, a imagem não é, nem de longe, bonita.»

Immanuel Wallerstein

15/10/2008

Tradução de Luis Leiria

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

U2 três-em-um: Said Taghmaoui, "Stand Up" e Live Nation


Dos irlandeses U2 surge publico este artigo tripartido, tendo em conta as três recentes informações.

Live Nation dá $40M à banda

O gigante produtor de eventos Live Nation, "deu" aos U2 cerca de 40 milhões de dólares no âmbito do contrato assinado com a empresa, há cerca de um ano.
Recorde-se que diversos nomes de peso da indústria discográfica (como Jay-Z, Shakira, Nickelback ou... Madonna!) "mudaram-se de armas e bagagens" das editoras em que estavam para a Live Nation.
Recordo também que, com os U2, o caso é algo diferente. Os U2 renovaram a parceria com a Live Nation relativamente às digressões (a Live Nation está com os U2 desde a Popmart Tour, 1997) e mudaram a parte de merchandising e dos direitos do nome para esta empresa. Contudo, o repertório discográfico e o catálogo da banda continua a pertencer a um gigante editorial, a banda continuará a gravar para a Universal.


Said Taghmaoui nos próximos videoclipes dos U2

O actor Said Taghmaoui vai entrar em TODOS os videoclipes relacionados com o próximo álbum dos U2, previsto para o primeiro trimestre de 2009. Poderá este actor ser o "motared" protagonista do videoclip que foi rodado em França e dirigido por Anton Corbijn. Apenas ninguém sabe para que canção é o vídeo.

Para quem não sabe quem é, Said Taghmaoui é um actor francês - filho de marroquinos - que ficou conhecido na série Lost ou no filme Wanted.

O que é que isto tem de especial?
O próximo álbum dos U2 começou por ser composto em... Marrocos, mais precisamente, na cidade de Fez! Bono fez diversas referências às possíveis influências da música arábica e do Norte de África nas canções que aí virão. Referiu ainda o facto da cultura desta região ser uma espécie de transição entre o Mundo Ocidental e (maioritariamente) Católico e o Mundo Oriental e (maioritariamente) Islâmico.

Quererá isto dizer que o próximo álbum dos U2 será um "álbum conceptual" e que os videoclipes do próximo disco serão a sequência uns dos outros?
Esperar para ver...


Bono escreve canção inspirada no activismo político

Bono afirmou ao telefone de Los Angeles, para uma entrevista na rádio, que escreveu uma canção inspirada na campanha Stand Up And Take Action, que moveu milhões de pessoas contra a pobreza extrema.
Bono diz que a canção "Stand Up" «não é sobre darmos todos as mãos para o Mundo ser um lugar melhor, mas sim, sobre fechar a porta da nossa hipocrisia».

Esta declaração confirma a afirmação de que a banda adiou o álbum por alguns meses porque continua a compôr (e a reescrever) canções.