sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Volvo, Saab e Opel dizem adeus às saias das mamãs

No espaço de uma semana assistimos ao anúncio de que três construtores europeus da indústria automóvel vão desprender-se dos grandes grupos a que pertenciam.

//VOLVO:
Depois de ter vendido as britânicas Land Rover, Jaguar e os direitos de utilização do nome da (extinta) Rover aos indianos da Tata - que têm planos ambiciosos para as três que não pretendem afectar o carácter das marcas (pelo contrário, pretendem preservar... pois é isso que lhes dá imagem de marca), a Ford anunciou que vai...
...vender a Volvo aos chineses da Dongfeng.
Para quem não se lembra, a Volvo é o construtor sueco que, nos anos 70 e 80, era o símbolo internacional da Suécia, com maior importância no Mundo (até mesmo mais importante do que os ABBA), (re)conhecido, sobretudo pela robustez dos seus modelos e pelas tecnologias e estudos inovadores no campo da segurança activa e passiva.

//SAAB e OPEL:
Na semana passada foi anunciada a desvinculação da sueca Saab face à General Motors. Hoje foi a vez de a alemã Opel anunciar o mesmo. A Saab é conhecida pela qualidade dos seus modelos, pelas origens e influências na aviação, pelas versões Aero e pelo carácter distinto. Já a Opel pertence à GM desde a década de 1920 e, durante muito tempo, foi considerada uma marca com produtos topo-de-gama, virando-se para os segmentos mais compactos apartir da década de 60, de onde saíram as mundialmente populares gerações Corsa, Kadett, Astra e Vectra. O Governo sueco já revelou que vai auxiliar a Saab nos primeiros tempos e que irá ajudar no planos de reestruturação e de manutenção da fábrica na Suécia. Já Angela Merkel ainda não se pronunciou relativamente ao futuro da Opel, mas as perspectivas do governo não parecem optimistas relativamente a "ajudas".

//CONSIDERAÇÕES e CONCLUSÕES: //1: Apesar da Ford se ter livrado dela, a Volvo foi, até há poucos anos, a par da Ford Europa, a única divisão do grupo a conseguir apresentar resultados positivos. A Volvo traz com ela da Ford: a plataforma do actual Mondeo (Volvo V70/S80), do actual Focus (Volvo S40/V50) e já traz na forja o futuro S60, praticamente desenvolvido. Para além disso, é provável que continue a ser-lhe garantido o acesso aos motores turbodiesel, desenvolvidos em parceria com a Peugeot/Citroën-PSA.

A GM quis livrar-se da Opel e da Saab, mas...
//2: Saab ficará com a fábrica de Trollhattan - que é sua por direito (mas onde a GM meteu o bedelho para produzir Saab's disfarçados de Cadillac), com os novos motores turbodiesel e... com o acesso à plataforma do novo Opel Insignia e do futuro Opel Astra (sobre as quais vão ser brevemente lançados os novos 9-5, 9-3 e 9-1). Já a Opel, é provável que fique com Rüsselsheim, com as novas plataformas e com alguma tecnologia.

//3: Se no caso da Volvo o futuro é mais risonho pois, apesar da usurpação da tecnologia e dos direitos da marca por parte dos chineses, o imenso capital com que devem ter entrado deverá garantir à sueca a sobrevivência sob a alçada do grupo chinês; já no caso da Saab e Opel, o futuro é incerto. Certo é que, nos dias de hoje, nenhum construtor consegue sobreviver sozinho. Ou a Saab e a Opel criam uma aliança (perfeitamente viável, tendo em conta o imenso número de órgãos industriais em comum que partilhavam dentro da GM) ou terão que associar-se cada uma a diferentes grupos industriais. A Renault quereria, talvez, ficar com a Saab, mas... e a Opel?

//4: A verdade é que os gigantes americanos puseram-se a comprar marcas europeias a torto-e-a-direito, por questões de tecnologia, de penetração de mercado e de marca (e isso os europeus têm de sobra nos States) e agora que a crise bateu à porta, toca a vendê-las de novo. A conclusão mais óbvia que se tira é que a Ford e a GM estão a proteger os logótipos americanos e a identidade nacional (Ford, Mercury, Lincoln, Saturn, Pontiac, Chevrolet - a maioria delas, com produtos maus que dão prejuízo há muitos anos) quando fôr a hora de apelar ao Senado norte-americano para poder receber as linhas de crédito que Obama já disse que ia disponibilizar.
Agora, será que isto vai servir de alguma coisa? Tenho dúvidas, até porque os norte-americanos têm, há décadas dificuldade de penetração nos mercados exteriores à América do Norte.

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