sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dacia Sandero: a opção racional de A a B

«Dacia? Qu'é isso?»

Apesar de ter iniciado a comercialização noutros mercados posteriormente, só no início deste ano é que a Dacia se estreou no mercado nacional. Em Portugal apenas é vendida a Logan MCV (carrinha compacta multiusos com 7 lugares e muito espaço), ficando a (original) versão sedan de 4 portas fora do circuito nacional, visto que este formato de carroçaria não reúne adeptos no nosso país.





«Nunca ouvi falar, não conheço»

Ora para quem não conhece, a Dacia é uma marca de automóveis romena que a Renault (que forma aliança com a Nissan) comprou há cerca de 10 anos. Para substituír toda a gama velha e desactualizada da Dacia, a Renault concebeu o Logan (que começou por surgir nas versões supra-mencionadas). O Logan é um modelo do segmento médio, desenvolvido com base na estrutura da actual geração do Renault Clio (portanto, é uma base moderna e sofisticada - uma das melhores do segmento) e, apartir daí, criou um automóvel simples, fácil e barato de construír, fiável e que não avarie, e se avariar, que seja fácil de reparar pelo condutor... coisa que não podemos fazer com os carros actuais. Para isso garantir essa concepção low cost, a Renault usa nos Dacia peças de modelos em fim-de-vida ou que já não são produzidos (como os anteriores Clio ou Mégane), cujos custos de produção já foram amortizados e cuja fiabilidade já foi comprovada, e outros componentes com superfícies pouco complexas na sua forma. Os motores são conhecidos de modelos antigos, apenas foram actualizados para cumprir as normas antipoluição da UE. Electrónica? Q.b., quanto menos, melhor servirá os pressupostos que referi.

Os Dacia foram concebidos a pensar nos mercados emergentes que são menos exigentes em termos de produto. Altura ao solo é maior do que nos carros "convencionais", já a maioria irá circular por caminhos e por estradas degradadas, muitas vezes não alcatroadas.

Mas a verdade é que os Dacia também estão a ter sucesso na Europa Ocidental! Como é que isto se explica [Até no difícil mercado alemão já penetraram o Top 20!]?
Em primeiro lugar, porque avizinha-se uma grave crise económica. Isso empurra os clientes de modelos generalistas para propostas ainda mais económicas.
Por outro lado, a Renault adaptou os Dacia a mercados como o nosso. E na Europa Ocidental há muitas pessoas que apenas querem um automóvel racional, simples, barato e económico, que não avarie, desprendido de apegos emocionais, e que apenas transporte-as de A para B de modo minimamente cómodo e confortável. Os Dacia são isso mesmo!
Em Portugal, duvido que seja replicado o sucesso da restante Europa. No nosso país, o que vende é a imagem e o status (a Dacia tem zero neste campo) e não a relação preço/produto.


Dacia Sandero em Portugal





Já está disponível no nosso país o Sandero. Em vez de pegar no Logan e cortar-lhe o "rabo", a Renault Brasil concebeu o Sandero. Pegou na base do Logan, criou uma carroçaria hatchback de 5 portas (sem "rabo", portanto) com um desenho novo e muito mais apelativo. Querem uma prova de que a Renault reaproveita peças de que os Dacia são baseados no novo e moderno Clio? Não só os vidros laterais são os mesmos, como as dimensões exteriores (comprimento, altura, largura e distância entre-eixos) são muito idênticas às da referência do segmento B: o Clio.

O interior do Sandero é o mesmo do Logan. O tablier tem um desenho muito simples e aspecto minimalista, os plásticos duros abundam e podem ver-se algumas cabeças de parafusos em algumas zonas mais escondidas. Mas o cliente-alvo de um Dacia também não está à procura da qualidade de construção de um modelo alemão.
Espaço e bagageira? Coisa que não falta! Os bancos de trás são mais espaçosos do que muitos automóveis de segmentos superiores e a mala dispõe de 320 litros, bem acima da maioria do segmento B.
É low cost, mas é confortável. Os bancos são macios e têm um desenho simples e cómodo. Já na estrada, o Sandero comporta-se como... um Renault, o que é previsível, pois os franceses são conhecidos pelo conforto de rolamento e interior. Este Dacia é estável q.b. e as suspensões cumprem com o que lhes é pedido. O Sandero é, provavelmente, mais confortável do que alguns modelos italianos e alemães.

Em Portugal, os Dacia não são vendidos com os motores a gasolina (o velhinho 1.4 com 8 válvulas e 75 cv e o 1.6 16 válvulas com 105 cv), mas sim com o 1.5 dCi (moderno turbodiesel proveniente da actual gama Renault e Nissan) com 70 ou 85 cv. O 1.4 a gasolina parece asfixiado pelo peso do carro, mas os 1.5 dCi deverão ser suficientes, dado o binário mais elevado e a sua disponibilidade.

Mais do que obvia é a menor dotação de equipamento... o que também é compreensível, pois o cliente-tipo dos Dacia apenas procura o básico e indispensável num carro e não aprecia mordomias que ninguém usa. Na versão base (€13300), equipamentos como os vidros eléctricos (€119), o rádio (€297), o ar condicionado (€694), a pintura metalizada (€248), as jantes de liga leve (€298), os faróis de nevoeiro, os retrovisores eléctricos ou o computador de bordo são opcionais pagos à parte, ou disponíveis em versões mais caras e mais bem equipadas.

Se excluírmos o facto de ter uma concepção simplista e da qualidade de construção ser inferior, o Sandero pode ser uma excelente proposta que oferece espaço, conforto e comodidade e, sobretudo, muitos €uros poupados face a outras propostas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tens toda a razão, o dacia é o carro ideal para Portugal, económico e pronto para enfrentar as nossas pseudo-estradas.